Mato Grosso-Cidades.
Apesar das quatro ordens da
Justiça Federal de Naviraí, expedidas na quinta-feira (12), e que obrigam os
cerca de 4 mil indígenas a desocuparem fazendas do Sul do Estado, os
guarani-kaiowá afirmaram em carta que irão resistir e já anunciam morte
coletiva.
O documento foi divulgado pelo
Conselho Aty Guassu e expressa a indignação dos indígenas que vivem na região
de Japorã, distante 487 quilômetros da Capital.
A terra denominada Yvy Katu é
motivo de brigas judiciais há mais de 10 anos. Para os índios, as decisões
favoráveis aos ruralistas significam que a “Justiça do Brasil está mandando
matar todos nós índios”, afirma o texto.
Os índios afirmam que querem
morrer juntos e que devem ser enterrados no mesmo local e a decisão é
definitiva. “Solicitamos ainda à presidenta Dilma, à Justiça Federal que
decretou a nossa expulsão e a morte coletiva para assumir a responsabilidade de
amparar e ajudar as crianças, mulheres e idosos sobreviventes aqui no Yvy Katu
que certamente vão ficar sem pai e sem mãe após a execução do despejo pela força
policial”, expõe a carta.
Diante da afirmativa de que irão
lutar e resistir ao envio de forças policiais que devem ser encaminhadas ao
local para cumprir as ordens da Justiça, os guarani explicam que deram início a
um ritual religioso raro que diz respeito a despedida da vida da terra.
Uma das lideranças da região,
Estevão Freitas, 47, disse ao Campo Grande News que os rituais estão sendo
praticados por todos os indígenas e que se resumem a rezas. “Estão todos
preparados, nos cremos nisso e começamos a nos preparar para deixar a vida.
Tudo isso por causa das armas de fogo dos brancos”, explica o líder.
O conselho encerra a carta
dizendo que os índios não irão recuar e que preferem morrer no campo de
batalha.
Fonte: Campo Grande News
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