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A socialite Narcisa Tamborindeguy (PSDB-RJ) e o pagodeiro Belo (PP-RJ) se filiaram a partido para as Eleições de 2014. (Foto: Band e Felipe Souto Maior/Divulgação) |
De olho nos chamados puxadores de voto na eleição, os
partidos fizeram uma maratona para filiar o maior número de celebridades que
devem concorrer a uma vaga no Legislativo em 2014. A ideia é repetir o que
aconteceu com a eleição de Tiririca (PR-SP): com 1,35 milhão de votos em 2010,
o palhaço levou três deputados de sua coligação em sua cola: Otoniel Lima
(PRB), Vanderlei Siraque (PT) e Protógenes Queiroz (PC do B).
Entre os recrutados estão o jogador de vôlei Giba (PSDB-SP),
a socialite Narcisa Tamborindeguy (PSDB-RJ), o ex-BBB Kléber Bambam, o
estilista Ronaldo Ésper e a musa dos caminhoneiros Sula Miranda - os três pelo
PRB-SP, o pagodeiro Belo (PP-RJ), o cirurgião plástico das estrelas Dr. Rey
(PSC-SP), o nadador Fernando Scherer (PSB-SP) e o cantor José Rico (PMDB-GO),
que faz dupla sertaneja com Milionário.
No caso de Narcisa, sua filiação já deu o que falar. Ela se
filiou ao PSD por engano e, depois que foi avisada do erro, teve de se
desfiliar e em seguida entrar no partido certo, o PSDB.
Bernardinho, técnico da seleção masculina de vôlei, é cotado
para disputar o governo do Rio de Janeiro. Já Marcelinho Carioca saiu do PSB em
busca de maior projeção no PT de São Paulo. E Raul Gil Jr, filho do
apresentador Raul Gil, saiu do PSC para o PR.
O cientista político David Fleischer vê com bons olhos o
fenômeno e diz que a estratégia pode fazer bem para a renovação do parlamento.
“Pode ser uma pessoa que vai chegar sem ideias viciadas e vai aprendendo como
um novato, e de uma certa maneira é interessante. Mas não é bom ter um
Congresso sem experiências”, pondera. Fleischer cita o deputado Romário
(PSB-PR), eleito pela fama de jogador de futebol, como exemplo de um novato que
fez a diferença. “Ele conseguiu tomar pé logo das coisas e conseguiu assumir
logo causas importantes”, ao contrário de Tiririca que, segundo o Fleischer,
mantém um mandato com pouca relevância.
O grande responsável pela procura de nomes famosos é o
sistema representativo proporcional adotado na democracia brasileira. Para
determinar os eleitos, calcula-se o coeficiente eleitoral, que é o número de
votos válidos dividido pelo número de cadeiras. Divide-se, então, o número de
votos de cada partido por esse coeficiente, e assim é determinado o número de
cadeiras de cada sigla. Para mudar isso, só uma reforma eleitoral.
Aldo Fornazieri, diretor da Fundação Escola de Sociologia e
Política de São Paulo, diz que é difícil limitar a estratégia sem uma reforma,
pois seria limitar direitos políticos dos cidadãos. E é difícil repetir o
efeito Tiririca, pois, depois que ele foi eleito, as pessoas começaram a ficar
“mais críticas” com os votos em celebridades.
Fornazieri diz que o método agrava a falta de credibilidade
dos partidos brasileiros. “Se os partidos políticos tivessem credibilidade no
País, não abalaria. O eleitor entenderia como uma coisa de momento, de
conjuntura. Mas como os partidos não têm (credibilidade), só piora a avaliação
do eleitorado”, avalia.
Fonte: Último Segundo
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