Não julgue ninguém pela aparência sem antes, ter a plena certeza de ter visto Deus pessoalmente.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Participantes de rolezinho abrem ocorrência por racismo contra shopping JK Iguatemi

 São Paulo-Cidades.
Fonte: Extra
Cerca de 200 pessoas realizaram protesto contra ´opressão ao negro´. Em nota, shopping diz que interrompeu atividades para garantir segurança (Foto: Vagner Campos/G1)

O shopping JK Iguatemi, um dos mais luxuosos de São Paulo, fechou as portas por volta das 13h40m deste sábado para evitar a entrada de cerca de 150 pessoas que fariam um rolezinho contra o racismo, convocado pela UNEafro, no centro comercial. O evento tinha mais de 4 mil presenças confirmadas no Facebook. Impedidos de entrar, representantes do grupo, acompanhados de advogados, abriram ocorrência contra o estabelecimento por racismo no 96º DP. O shopping só voltará a abrir neste domingo.
Silvano Lavacar


Membros dos movimentos Quilombação, Círculo Palmarino, Movimento Nacional Raça e Classe, Coordenação Nacional de Entidades Negras e integrantes do Núcleo de Consciência Negra da USP também foram para o local. Diferentemente da semana passada, o shopping não tinha liminar para fechar a porta ou multar os participantes no encontro. No entanto, o shopping alegou que as portas foram fechadas para “garantir a tranquilidade e segurança dos clientes e funcionários das lojas”. Em nota, o estabelecimento completou dizendo que “respeita manifestações democráticas e pacíficas, mas o espaço físico e a operação de um shopping não são planejados para receber qualquer tipo de manifestação”.
Os jovens, munidos de bandeiras de movimentos afro, entoavam: “racistas, fascistas, não passarão” e “hoje não vai ter lucro!”. Os clientes foram impedidos de entrar e sair pela porta principal e de carro pelo estacionamento. Somente uma porta lateral para pedestres ficou aberta. A segurança privada foi reforçada, porém, não houve Polícia Militar no local. Algum tempo depois, os clientes conseguiram sair com os carros.
Do lado de fora do JK, os clientes que chegavam de carro eram informados pelos seguranças do shopping que o local estava fechado.
— Queremos entrar no shopping. Mas esta atitude discriminatória do shopping provou que alguns espaços da cidade só podem ser frequentados por pessoas brancas. Negros não podem —disse Junior Rocha, um dos militantes do movimento Levante Popular da Juventude.
Alguns funcionários de lojas, que começariam a trabalhar no turno da tarde, ficaram do lado de fora do centro comercial, impedidos de entrar. A vendedora da grife Calvin Klein, Victoria Fernandes, 21 anos, disse ser a favor do movimento, desde que ninguém seja prejudicado.
— A partir do momento que o direito de ir e vir deles prejudica o meu direito de ir trabalhar, já acho que está errado. Vão protestar em outro espaço. Sábado é o dia de mais vendas. Fomos prejudicados — diz a vendedora, ao lado de colegas que trabalham em outras lojas.
Por volta das 16h30, parte dos manifestantes começaram a cantar funk, em frente à entrada do estabelecimento. O movimento foi pacífico. O único momento de conflito ocorreu quando um rapaz chegou até os manifestantes, xingando: “vagabundos, nordestinos e crioulos”. Um grupo, então, tentou agredi-lo. O rapaz fugiu.
O advogado de movimentos negros, Elizeu Soares Lopes, um dos que registrou o boletim de ocorrência, disse que vai entrar na Justiça com um mandado de segurança contra as liminares de shopping centers da capital e ainda deve processar a administração do shopping. Ele sugeriu fazer fila na frente do shopping, sem bandeiras, para entrar no estabelecimento de “maneira ordeira”. - Nem individualmente, sem bandeiras, as pessoas puderam entrar. Por que? Era negros, pobres e da periferia. Está caracterizado o crime de racismo - declarou o advogado.


Nenhum comentário: