Brasil-Outros.
Fonte: Diário do Nordeste.
Com a
defasagem da Taxa Referencial, cresce número de ações para correção do saldo.
Já são 30 mil no País.
O
trabalhador que por ventura precisar fazer uso do seu Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS), seja em caso de demissão ou para a compra de um
imóvel, por exemplo, pode recorrer à justiça caso desconfie do reajuste
aplicado a ele nos últimos anos. Isso porque a Taxa Referencial (TR), que serve
para calcular a correção do fundo, vem sendo bastante criticada por juristas
brasileiros, que afirmam que a mesma não está mais acompanhando a inflação.
Assim, tem crescido em todo o Brasil o número de ações que pedem uma revisão do
saldo do FGTS. Já são 30 mil em todo o País.
Diário do
Nordeste mostrou no último dia 6 deste mês que o governo federal deixou de
creditar R$ 30 bi referentes ao FGTS dos trabalhadores brasileiros
De acordo
com Letícia Prebianca, especialista em direito previdenciário do Siqueira
Castro Advogados, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não reconheceu nenhuma
alteração no método de correção do saldo do FGTS, mas a decisão de um juiz em
Foz do Iguaçu (PR) fez esquentar as discussões sobre o assunto. "Após esse
parecer favorável, diversas pessoas passaram a entrar com ações para que o FGTS
fosse corrigido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), pois está
claro que a TR não acompanha a inflação real", afirma.
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Apenas quem
trabalhou com carteira assinada entre 1999 e 2013 pode recorrer à justiça para
pedir uma revisão de seu FGTS. Para quem não tem como arcar com um advogado, a
alternativa é procurar a Defensoria Pública da União, que exige documento de
identidade com foto, carteira de trabalho, o extrato da conta vinculada ao FGTS
(que pode ser obtida com a Caixa Econômica) e um comprovante de residência para
dar início à ação.
Segundo
Prebianca, em caso de parecer positivo o novo reajuste será feito sobre o valor
que já foi corrigido, e não sobre o total do FGTS. "Se nós temos um fundo
com saldo R$ 1 mil e já houve um reajuste de R$ 200, totalizando assim R$ 1,2
mil, a nova revisão incide apenas sobre esses R$ 200, ou seja, se for uma
correção de 50% o trabalhador terá direito a mais R$ 100", explica.
Até quem já
sacou
Mesmo quem
já recebeu e utilizou o seu FGTS pode procurar a justiça para questionar o
valor que sacou. Quem confirma é o defensor público federal, Guilherme Ataíde
Jordão. "Tem direito a correção sim, porque no fim das contas esse
dinheiro é dele e a Caixa Econômica não pagou integralmente. Então, mesmo o
trabalhador que já tiver sacado pode tentar a correção", afirma o
procurador.
Ataíde
Jordão também criticou duramente a utilização da TR no cálculo de reajuste do
FGTS. Para ele, a taxa está defasada. "É um índice de correção utilizado
desde o governo Collor e que não é adequado para corrigir a perda inflacionária
que ocorre nos valores econômicos, sejam eles quaisquer. Desde 2013 esse ele
está zerado, o que obviamente não corresponde à inflação", ratifica.
ÁQUILA LEITE
REPÓRTER
Juro na
habitação deverá dobrar
São Paulo.
Conforme a Caixa Econômica Federal, uma eventual correção das contas do FGTS
pela inflação pode quase dobrar as taxas de juros cobradas nos financiamentos
habitacionais que usam recursos dessa fonte. O alerta acontece em um momento em
que ocorre uma disparada nas ações que pedem a correção do fundo pelo IPCA, que
tem superado regularmente a TR, usada para fazer a atualização dos saldos. Para
advogados, os trabalhadores tiveram perdas de até 100%.
Nos últimos
dias, a Caixa, presidida por Jorge Hereda, sofreu as primeiras cinco derrotas,
após vencer em cerca de 16 mil decisões. As sentenças favoráveis colocaram o
banco e o Conselho Curador do FGTS em estado de atenção. O banco deve recorrer.
Segundo
contas apresentadas em um dos processo em que a instituição financeira foi
derrotada, se o FGTS for corrigido pela inflação, as taxas de juros cobradas no
crédito habitacional que usa recursos do fundo subiriam da faixa atual de 6,66%
a 8,66% ao ano para uma variação entre 12,5% e 14,6% ao ano.
No caso de
um empréstimo de R$ 100 mil com prazo de 10 anos, o montante de juros pago pelo
mutuário saltaria 63%, de R$ 110.894,49 para R$ 180.645,87. Nos cálculos, o banco
usou como referência IPCA.
Novos
métodos
Até agora,
nos cinco casos em que o banco já foi derrotado, a justiça obrigou a
instituição financeira a utilizar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
comum (INPC) e o IPCA especial (IPCA-E). As contas da Caixa não indicam quantos
mutuários podem ser afetados pela mudança. Para 2014, o orçamento do FGTS prevê
investimento de R$ 57,8 bilhões em habitação.
Vinculados
A alta dos
juros cobrados de mutuários ocorreria porque a legislação obriga os bancos a
usarem, no financiamento habitacional, a mesma fórmula de correção aplicada aos
saldos do FGTS dos trabalhadores, diz a Caixa Econômica. Segundo o banco, caso
a justiça aceite a substituição da TR, a troca ocorreria “automaticamente” nos
contratos de financiamento imobiliário. Com isso, como dois terços dos
contratos de financiamento feitos com recursos do FGTS são realizados por
cotistas do fundo, o trabalhador ganharia numa ponta mas perderia na outra. A
Caixa argumenta que a elevação dos juros eliminaria linhas de crédito
destinadas à baixa renda.
Mais
informações
A Defensoria
Pública da União de Fortaleza fica na Rua Costa Barros, número 1227. Tel: (85)
3474 8750
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