Fonte: Extra
Cerca de 200 pessoas realizaram protesto contra ´opressão ao negro´. Em nota, shopping diz que interrompeu atividades para garantir segurança (Foto: Vagner Campos/G1) |
O shopping JK Iguatemi, um dos
mais luxuosos de São Paulo, fechou as portas por volta das 13h40m deste sábado
para evitar a entrada de cerca de 150 pessoas que fariam um rolezinho contra o
racismo, convocado pela UNEafro, no centro comercial. O evento tinha mais de 4
mil presenças confirmadas no Facebook. Impedidos de entrar, representantes do
grupo, acompanhados de advogados, abriram ocorrência contra o estabelecimento
por racismo no 96º DP. O shopping só voltará a abrir neste domingo.
Membros dos movimentos
Quilombação, Círculo Palmarino, Movimento Nacional Raça e Classe, Coordenação
Nacional de Entidades Negras e integrantes do Núcleo de Consciência Negra da
USP também foram para o local. Diferentemente da semana passada, o shopping não
tinha liminar para fechar a porta ou multar os participantes no encontro. No
entanto, o shopping alegou que as portas foram fechadas para “garantir a
tranquilidade e segurança dos clientes e funcionários das lojas”. Em nota, o
estabelecimento completou dizendo que “respeita manifestações democráticas e
pacíficas, mas o espaço físico e a operação de um shopping não são planejados
para receber qualquer tipo de manifestação”.
Os jovens, munidos de bandeiras
de movimentos afro, entoavam: “racistas, fascistas, não passarão” e “hoje não
vai ter lucro!”. Os clientes foram impedidos de entrar e sair pela porta
principal e de carro pelo estacionamento. Somente uma porta lateral para pedestres
ficou aberta. A segurança privada foi reforçada, porém, não houve Polícia
Militar no local. Algum tempo depois, os clientes conseguiram sair com os
carros.
Do lado de fora do JK, os
clientes que chegavam de carro eram informados pelos seguranças do shopping que
o local estava fechado.
— Queremos entrar no shopping.
Mas esta atitude discriminatória do shopping provou que alguns espaços da
cidade só podem ser frequentados por pessoas brancas. Negros não podem —disse
Junior Rocha, um dos militantes do movimento Levante Popular da Juventude.
Alguns funcionários de lojas,
que começariam a trabalhar no turno da tarde, ficaram do lado de fora do centro
comercial, impedidos de entrar. A vendedora da grife Calvin Klein, Victoria
Fernandes, 21 anos, disse ser a favor do movimento, desde que ninguém seja
prejudicado.
— A partir do momento que o
direito de ir e vir deles prejudica o meu direito de ir trabalhar, já acho que
está errado. Vão protestar em outro espaço. Sábado é o dia de mais vendas.
Fomos prejudicados — diz a vendedora, ao lado de colegas que trabalham em
outras lojas.
Por volta das 16h30, parte dos
manifestantes começaram a cantar funk, em frente à entrada do estabelecimento.
O movimento foi pacífico. O único momento de conflito ocorreu quando um rapaz
chegou até os manifestantes, xingando: “vagabundos, nordestinos e crioulos”. Um
grupo, então, tentou agredi-lo. O rapaz fugiu.
O advogado de movimentos negros,
Elizeu Soares Lopes, um dos que registrou o boletim de ocorrência, disse que
vai entrar na Justiça com um mandado de segurança contra as liminares de
shopping centers da capital e ainda deve processar a administração do shopping.
Ele sugeriu fazer fila na frente do shopping, sem bandeiras, para entrar no
estabelecimento de “maneira ordeira”. - Nem individualmente, sem bandeiras, as
pessoas puderam entrar. Por que? Era negros, pobres e da periferia. Está
caracterizado o crime de racismo - declarou o advogado.
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